Os (meus) 107 Melhores Discos da Música Brasileira (até 2020) – Considerações (quase) finais
Antes de finalizar a lista dos (meus) 107
melhores discos da música brasileira, preciso reiterar e desenvolver alguns
pontos trazidos no texto de apresentação.
Inicialmente, relembro que meu processo de
aprofundamento enquanto ouvinte de música foi iniciado em 2008, e a ideia da
lista surgiu em 2017. O processo de escolha e avaliação dos álbuns foi bem criterioso
e trabalhoso, e se deu em parceria com a minha esposa Sabrina Souza, também
musicista; a lista foi finalizada em julho de 2021. Os textos sobre os álbuns
estão sendo publicados ao longo de dois anos e meio (2021-2023), e o ato de revisitar
cada álbum me fez amá-los cada vez mais; todos continuam, sem exceção, como
grande favoritos meus. Neste período, descobri também alguns álbuns brasileiros
(novos e antigos) que mereceriam integrar a lista final; sobre estes, tratarei
em publicações futuras.
Minha lista apresenta alguns álbuns consolidados
pela crítica especializada, mas estes não chegam a 15% do total; em sua
maioria, apresento álbuns e artistas relegados ao esquecimento/apagamento. Esta
lista denuncia de forma precisa as minhas preferências:
· Virtuosidades/excentricidades
musicais (14 Bis, Bacamarte, Boca Livre, Os Cariocas, Cesar Mariano & CIA.,
Daniel Salinas, Egberto Gismonti, Hamilton de Holanda Quinteto, Hermeto Pascoal
e Grupo, Marco Antônio Araújo, Moto Perpétuo, Mutantes, Robson Jorge &
Lincoln Olivetti);
· Canções
reflexivas (Erasmo Carlos, Flávio Venturini, Geraldo Vandré, Guilherme Arantes,
Jaime Alem e Nair de Cândia, Light Reflections, Marcos Valle, Nara Leão, Sá,
Rodrix & Guarabyra, Taiguara);
·
Pontos
fora da curva do rock (Os Brasas, Chuck Norris, Liverpool, Macaco Bong, Olivia,
Rita Lee & Tutti Frutti);
·
Música
de matriz africana (Baden Powell e Vinicius de Moraes, Baianinha, Moacir
Santos, Paulo Bellinati & Mônica Salmaso, Pedro Santos);
·
Psicodelia
(Guilherme Lamounier, Os Lobos, Ronnie Von);
·
Clube
da Esquina (Beto Guedes, Lô Borges, Milton Nascimento);
·
New
age, ambient e aparentados (Eloy Fritsch, Homem de Bem, Mount Hibiki);
·
Música
funkeada (Antonio Carlos e Jocafi, Banda Black Rio, Tim Maia);
·
Poesia
falada por cima de sonoridades memoráveis (Baco Exu do Blues, Projota,
Racionais MC’s);
· Surrealismo
bem acabado do século XXI (Dorgas, Guerrinha, Séculos Apaixonados, todos com a
presença de Gabriel Guerra, sendo o primeiro um projeto solo);
·
Vaporwave
(Lindsheaven Virtual Plaza, Windows96);
·
Experimentalismo
(Cadu Tenório)
Além disso, é claro, há muito de Gimu e
Renato e Seus Blue Caps, dois polos extremamente opostos e os recordistas da
lista. A lista apresenta também alguns nomes consolidados pela crítica (Antônio
Carlos Jobim, Caetano Veloso, Chico Buarque, Djavan, Elizeth Cardoso, Kid
Abelha & Os Abóboras Selvagens, Roberto Carlos, Silva). Nessa bagunça, teve
até espaço para o disco mais emblemático de funk carioca.
Por fim, cabe transcrever o seguinte trecho
do texto de apresentação da lista:
“Essa lista é uma celebração do que mais me chamou atenção na música brasileira, e em nenhum momento desmerece os artistas que não a integram. Há muitos álbuns que me são agradáveis, mas não a ponto de integrar a lista. Há muitos artistas com músicas, ideias, representatividade e trajetórias incríveis, mas que não me convenceram no formato álbum como um todo. Ademais, toda a música, inclusive a que eu evito ou não me agrada, tem seu lugar, seu público, e merece ser respeitada.”
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