Tudo o que eu tenho a dizer (sobre Música)

  Em julho de 2023 tive a grata surpresa de conhecer o álbum Pânico no submundo , do paulista DJ K, através de uma resenha do respeitadíssimo site americano Pitchfork Media, que lhe concedeu a nota 7,9 (muito boa para o padrão do site). Este registro é uma pancada apocalíptica de sons pesados, uma verdadeira obra prima do favela funk, e foi lançado pela Nyege Nyege Tapes, uma gravadora revolucionária da Uganda que aborda música experimental/eletrônica de artistas africanos e música afrodiaspórica. Admito que passei um bom tempo receoso com este álbum: as letras, explícitas e pesadíssimas, causam espanto ao ouvinte médio, e em nada condizem com minhas visões de mundo. Entretanto, eu sou muito conectado com o som, e é muito raro um álbum me interessar, instigar e assustar tanto quanto este. A primeira faixa dá o tom geral do álbum: som alto e distorcido, putaria heterossexual, surpresas constantes, ritmo frenético, bitonalidade e politonalidade, timbres sensacionais, enxurrada de inter

  A série Discografias aborda a obra de alguns artistas que cruzaram minhas apreciações musicais, muitos dos quais com pouquíssimas publicações a seu respeito. O primeiro artista da série é João Pimenta, músico capixaba que foi colega de trabalho do meu pai e de quem conheço dois álbuns desde a mais tenra infância. O próprio Pimenta elaborou os textos sobre sua produção fonográfica. Apresento, a seguir, os links desses textos:   João Pimenta – Compactos (Parte 1 – 1982-1983) João Pimenta – Compactos (Parte 2 – 1985-1986) João Pimenta – Segredo dos Cristais (1987) João Pimenta – Moqueca (1992) João Pimenta – Orquídea (1998) João Pimenta – Rosa Azul (2003) João Pimenta – Torta Capixaba (2008) João Pimenta – Espírito & Alma (2021) Texto revisado por Sabrina Souza Crédito das Imagens:  Foto de João Pimenta - Partido da Música Capixaba (Página Facebook) Publicado também no Caderno de Cultura da Pressenza International Press Agency

  No dia 12/03/2024, quando completaram cinco anos e dois meses do falecimento do meu pai, meu irmão Igor Colombo lançou o seu segundo single, Doce terra , outro singelo recorte de seu álbum Saudade solar , que será lançado no dia 10/05/2024. Igor escolheu, como singles, dois dos momentos mais pop do álbum; este, por sua vez, trará uma série de criações bem mais ousadas, apreciáveis pelos especialistas e pelo público leigo. Doce terra talvez seja a mais tipicamente brasileira de todas as faixas do álbum, um samba rock bem maroto que, segundo o próprio Igor, surgiu de um improviso, e foi inspirada pelo término de um relacionamento duradouro de um familiar. Além disso, o artista declara uma grande influência da música Farinha do desprezo , de Jards Macalé, na construção da melodia e na forma de cantar. Foi também a sua primeira música gravada em estúdio e seu primeiro arranjo envolvendo metais. Segundo Igor, a belíssima arte do single, de Gustavo Moraes, nos “mostra uma árvore seca e s