As 296 Melhores Músicas Brasileiras - #91 a #100

 



 

#100 Caetano Veloso - It’s a Long Way (1972)

É muito agradável inaugurar as 100 primeiras músicas dessa lista com um dos destaques do álbum mais icônico de Caetano Veloso - este, um mestre em produzir álbuns icônicos. It’s a long way é pura repetição mântrica, organicidade entre os músicos e referencialidades a um Brasil genuíno.

 

#99 Fagner - As Rosas Não Falam (1978)

O hino As rosas não falam, composição de Cartola, foi gravado de forma brilhante por alguns artistas; Fagner a gravou em 1978, demonstrando musicalmente todo o desespero presente na letra.

 

#98 Caetano Veloso - Vuelvo al Sur (1994)

[texto de Larissa Fabriz]

Vuelvo al Sur é uma canção composta por Astor Piazzola, para servir de trilha sonora ao filme Sur, e evoca o sentimento de reconexão com a terra natal e espaço de memória. O contexto tem forte relação com as ditaduras latino-americanas, em especial com o exílio. Ou seja, voltar ao sul é reencontrar a pátria ferida, como um ato político e afetivo. É viver a Argentina como um sentimento.

Na voz de Caetano, o retorno ao Sul parece ganhar mais a dimensão do retorno ao coração em função da intensificação da melancolia, da ressonância da experiência pessoal e pelo diálogo cultural. Na voz do artista brasileiro, a música deixa de ser um tango argentino e se torna uma ode ao retorno, à memória e à liberdade.

 

#97 João Bosco - O Mestre-Sala dos Mares (1975)

[texto de Letícia Lemos]

Em O mestre-sala dos mares, uma obra-prima da dupla Aldir Blanc e João Bosco, nos deparamos com uma ode ao povo brasileiro em sua essência: os marginalizados - negros, pobres, prostitutas, boêmios e todos os esquecidos pela história.

A espécie de “surrealismo” que atravessa a música, com referências a feiticeiros, santos, piratas e sereias não é ocasional, mas fruto das sucessivas adaptações que os compositores precisaram fazer a mando da censura da época. Isto se deu em virtude do que Blanc denominou de “racismo institucional”, que rechaçava a ideia de uma homenagem a uma revolta liderada por um homem preto contra o Estado e as forças armadas, e que potencialmente geraria reflexão sobre os paralelismos históricos.

A Revolta da Chibata, liderada por João Cândido - o Almirante Negro -, ocorreu em 1910, e teve como estopim a punição de um marinheiro negro com 250 chibatadas, castigo usualmente direcionado aos membros dos mais baixos extratos da marinha, compostos majoritariamente por pretos e pobres, e que persistia mesmo em um contexto pós abolição da escravatura.

Apesar da vitória da abolição da chibata, a repressão contra a revolta foi severa, e João Cândido e outros marinheiros foram aprisionados na Ilha das Cobras em condições insalubres, tanto é que, dos 18 presos, apenas João e mais um sobreviveram. Ao pesquisar sobre o tema, me deparei com a poética forma de resistência do Almirante Negro: ele passou algum tempo no cárcere bordando, trabalhos esses que expressam a sensibilidade e multidimensionalidade de um homem visto como forte e até marrento. Há inclusive pesquisadores que afirmam que os bordados serviram “como uma espécie de autoterapia instintiva”, para lidar com o trauma de ter presenciado a morte de seus companheiros de cela; sugiro que confiram os bordados O adeus do marujo e Amôr. Após isso, o marinheiro foi encaminhado para um hospital psiquiátrico, tendo saído pouco tempo depois para sobreviver ao esquecimento e à pobreza como um simples pescador, cujo monumento são “as pedras pisadas do cais”.

Enfim, de todo modo, “Glória a todas as lutas inglórias”!

Fontes utilizadas:

https://www.scielo.br/j/hcsm/a/jGTJVdT8RZTJSztHtZnvmwJ/?format=pdf&lang=pt

https://lyricalbrazil.com/2020/05/27/o-mestre-sala-dos-mares/

https://youtu.be/1aVKiDi5O4U


 

#96 Caetano Veloso - You Don’t Know Me (1972)

Uma das aberturas de álbum mais surpreendentes da música, You don’t know me é um dos ápices criativos de Caetano Veloso em língua inglesa.

 

#95 Milton Nascimento & Chico Buarque - O Cio da Terra (1977)

Os arranjos vocais e instrumentais proféticos e as extravagâncias rítmicas de O cio da terra a tornam uma das músicas mais únicas do nosso repertório. Aqui, Milton Nascimento e Chico Buarque realmente capricharam na composição e na interpretação.

 

#94 Egberto Gismonti - Palhaço (1980)

Egberto Gismonti é responsável por alguns dos temas musicais mais belos e complexos da música. Na versão de Palhaço do álbum Circense, ele também demonstra todo o seu esmero enquanto arranjador e pianista.

 

#93 Racionais MC’s - Capítulo 4, Versículo 3 (1997)

Após uma abertura de álbum assustadora, somos arremessados a Capítulo 4, versículo 3; rebuscada, porém direta, este é um verdadeiro manifesto da cultura negra periférica.

 

#92 Rita Lee & Tutti Frutti - Agora Só Falta Você (1975)

Toda a energia interpretativa e composicional de Rita Lee é reverberada, no álbum Fruto proibido, pela sua banda Tutti Frutti. Agora só falta você é uma das melhores canções de rock da história.

 

#91 Djavan - Oceano (1989)

Djavan é genial quando escreve canções extremamente românticas, porém fora dos cânones. Em Oceano, não só propõe caminhos harmônicos inusitados, como também arregimenta Paco de Lucía, grande violonista de linhagem flamenca, para rechear a música com seus arroubos virtuosísticos.


Texto revisado por Myrna Barreto
Crédito da Imagem: Texto em Canva

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