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Mostrando postagens de setembro, 2023

#8 - Jaime Alem e Nair de Cândia - Amanheceremos (1979) - Ranking dos (meus) 107 Melhores Discos da Música Brasileira (até 2020)

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  Amanheceremos (1979), de Jaime Alem e Nair de Cândia, é um feito sem igual. Não é todo dia que encontramos um álbum tão superior quanto esse, em relação a composições, arranjos, letras, conceito, título, arte e formato. Jaime Alem assina onze composições (e uma parceria) e os arranjos de onze das doze músicas. As letras são altamente politizadas, porém com um sublime verniz poético. Para finalizar, o álbum foi lançado em um formato não usual: um LP tradicional de 12” adicionado de um compacto de 7”. Tesouros de Cezar possui um arranjo impecável, e demonstra o poder de Jaime e Nair como intérpretes vocais. As coisas se intensificam na igualmente extraordinária faixa-título, onde Luiz Gonzaga Jr. se junta à dupla para engrandecer ainda mais o registro. O potencial artístico de Nair de Cândia chega ao ápice nos solos de Didática e Olho de vidro ; o mesmo em relação a Jaime Alem em Recriação , com surpreendente acompanhamento ao piano de Jota Moraes. A quase gaúcha O verbo querer

#9 - Tim Maia - Tim Maia Racional Vol. 1 (1974) - Ranking dos (meus) 107 Melhores Discos da Música Brasileira (até 2020)

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  Fazer canções que apregoam os valores de uma seita desconhecida à qual você acabou de aderir parece ser a fórmula certa para o insucesso, e Tim Maia sentiu isso na pele. De toda forma, à essa época, o artista conseguiu fazer algumas das músicas mais inspiradas de sua carreira. Após quatro lançamentos carregados de músicas relevantes, Tim Maia conseguiu sua maior expressão artística divulgando os ensinamentos da Cultura Racional, em seu álbum Tim Maia Racional Vol. 1 (1974). Todas as composições são de Tim Maia, e o competente grupo que o acompanha - que engloba estrelas como Oberdan Magalhães e Robson Jorge - funciona como um todo orgânico e indivisível que traz ensinamentos puros, lindos e perfeitos do alto. Os timbres escuros e ritmo lento de Imunização racional (que beleza) são de tirar o fôlego, bem como o ritmo e melodia envolventes de Bom senso ; essas são duas das criações mais definitivas do nosso cancioneiro. A balada Leia o livro Universo em Desencanto é um apelo românt

#10 - Racionais MC’s - Sobrevivendo no Inferno (1997) - Ranking dos (meus) 107 Melhores Discos da Música Brasileira (até 2020)

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  Sobrevivendo no inferno (1997), dos Racionais MC’s, é um dos raríssimos discos que nos deixam efetivamente com muito, muito medo. Nunca um álbum se apresentou tão realista, convincente e necessário como este, apresentando a verdade nua e crua da vida na periferia. Altamente humano e religioso, o registro é um bálsamo divino para os injustiçados sociais, e uma porção de inferno para os dominadores que acreditam, confortavelmente, já estarem salvos. Cabe ressaltar que é um pecado este disco não estar no topo da lista. As músicas e letras são extraordinárias do início ao fim. Mano Brown, Ice Blue, Edi Rock e KL Jay consubstanciam aqui tudo o que é necessário para quem tem ouvidos de ouvir. A leve abertura de Jorge da Capadócia (composição de Jorge Ben) já carrega, em sua essência, uma certa tensão que se fará presente em todo o registro. Esta é interrompida abruptamente pelo texto breve e assustador de Gênesis , que introduz a imponente Capítulo 4 Versículo 3 , com seu turbilhão de re

#11 - Moacir Santos - Coisas (1965) - Ranking dos (meus) 107 Melhores Discos da Música Brasileira (até 2020)

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  Este é o grande álbum do jazz mundial, a definitiva consubstanciação entre música africana e jazz, em sua forma mais pura, direta e poética. Moacir Santos nos apresenta dez temas de sua autoria, intitulados Coisas , numerados de 1 a 10, mas apresentados fora de ordem; metade dos temas são em parceria, com Mario Telles, Regina Werneck e Clóvis Mello. A produção é de Roberto Quartin; a direção artística, de Wadi Gerbara Netto; os esplêndidos músicos esbanjam proficiência, leveza e beleza sonora. A mescla de ritmos do candomblé com jazz e blues estadunidenses de Coisa nº 4 é a convocação para que nos embrenhemos neste microcosmo do artista. A tropical Coisa nº 10 nos apresenta polirritmias discretas e levadas africanas, em um ensolarado contexto bossa-novístico. Coisa nº 5 é uma extraordinária marcha militar de um Stravinsky negro; este tema, infelizmente, foi também maculado com uma letra fraca, o que gerou diversas gravações sem sal. A incrível ilusão auditiva do ritmo da Coisa