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Mostrando postagens de novembro, 2023

#2 - Egberto Gismonti - Sonho 70 (1970) - Ranking dos (meus) 107 Melhores Discos da Música Brasileira (até 2020)

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  Por que Sonho 70 não é continuamente aclamado pela crítica, e não consta nas listas de melhores álbuns da música brasileira? Quem, além de Egberto Gismonti, conseguiu fazer um disco tão acessível e versátil como este, perfeito para qualquer momento da vida, e recheado de gravações tão primorosas? As composições do álbum, lançado em 1970, são de Egberto, duas em parceria com Arnoldo Medeiros, e uma com Paulinho Tapajós. A direção de produção é de Roberto Menescal; os arranjos e regência, de Egberto. O tema de Janela de ouro veio, por certo, de uma inspiração divina, e o cuidadoso arranjo é puro deleite, com um dueto adorável de vocalizações sem letra entre Egberto e Dulce Nunes; o baixo funkeado e a levada arrebatadora compreendem um show à parte. A poesia melódica de Parque laje é milagrosa; sua retomada, que vai sendo apagada por um fade out , é pura luz. Talvez Ciclone seja a única faixa que desce do pedestal de trilha sonora dos deuses; entretanto, esta é seguida pela interessa

#3 - Gimu - Pain, Exposed (2011) - Ranking dos (meus) 107 Melhores Discos da Música Brasileira (até 2020)

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  Existem músicas que adentram os portais de nossa alma de tal forma que atuam como curandeiras, médicas, psicólogas, educadoras físicas e guias religiosas, tudo ao mesmo tempo. São músicas que parecem reverberar em cada célula do nosso corpo, eliminando todo e qualquer traço de desequilíbrio e proporcionando mais fé na humanidade e no futuro. São músicas que nos confortam, que resetam nossa mente, e que nos proporcionam um estado de verdadeira harmonia mental e espiritual. É desse tipo de música que precisamos para sermos mais gratos, resignados e plenos, mas também firmes em nossos propósitos. É esse o tipo de música que Gimu produziu em Pain, exposed (2011), cuja dor exposta do título carrega em si uma esperança de resolução. O album, com menos de 29 minutos de duração, é dividido em três partes fascinantes, todas com texturas desgastadas pelo tempo. A poética musical de Gimu é estática e profunda, e trilha com bastante originalidade um caminho aberto por William Basinski, grande i

#4 - Marco Antônio Araújo - Quando a Sorte Te Solta um Cisne na Noite (1982) - Ranking dos (meus) 107 Melhores Discos da Música Brasileira (até 2020)

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  Talvez nem o próprio Pink Floyd tenha lançado um tema tão fantástico como o de Floydiana , faixa de abertura de Quando a sorte te solta um cisne na noite (1982), segundo álbum de Marco Antônio Araújo. A condução geral com intensificações e atenuações do discurso - marca dos arranjos de Araújo - fazem desse um clássico absoluto do rock instrumental. Em algumas das bruscas mudanças harmônicas certas notas musicais do tema ou dos improvisos acabam “sobrando” de forma espetacular, gerando dissonâncias mágicas. Além de Marco Antônio Araújo, participam desse registro Alexandre Araújo (guitarra), Max Magalhães (piano), Eduardo Delgado (flauta), Antônio Maria Viola (violoncelo), Ivan Corrêa (baixo), Mário Castelo (bateria) e Sérgio Gomes (trompa). As composições são de Araújo, exceto pela seção inicial de Floydiana , composta por Oilliam Lana, e por algumas partes de piano realizadas por Max Magalhães. Após a superlativa abertura, somos presenteados com a pura alegria de Alegria , com seu tu

#5 - Chico Buarque - Construção (1971) - Ranking dos (meus) 107 Melhores Discos da Música Brasileira (até 2020)

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  Construção (1971) é um dos álbuns mais assustadores da história. Chico Buarque, mesmo inovando, sempre manteve os pés firmes na tradição; entretanto, neste registro, o artista ultrapassa qualquer colega de profissão quanto à intensidade expressiva e criatividade na diversidade. Com música fascinante e letras carregadas de críticas, especialmente à ditadura militar, o álbum conta com a direção de produção e de estúdio de Roberto Menescal, e direção musical de Magro, com brilhantes participações do MPB-4 e arranjos de Rogério Duprat. É perfeita a alternância, faixa a faixa, entre tensão e calmaria. A melodia minimalista e arranjo pós-apocalíptico de Deus lhe pague consistem nas boas-vindas ao inferno, expectativa que é quebrada no clima quase sacana de Cotidiano , em formato inicialmente bem mais cômodo, mas que vai aos poucos se carregando de excentricidades no arranjo; esse disco não tem espaço para superficialidades. Somos arremessados então a Desalento , um dos sambas mais belos