#5 - Chico Buarque - Construção (1971) - Ranking dos (meus) 107 Melhores Discos da Música Brasileira (até 2020)
Construção
(1971) é um dos álbuns mais assustadores da história. Chico Buarque, mesmo
inovando, sempre manteve os pés firmes na tradição; entretanto, neste registro,
o artista ultrapassa qualquer colega de profissão quanto à intensidade
expressiva e criatividade na diversidade. Com música fascinante e letras
carregadas de críticas, especialmente à ditadura militar, o álbum conta com a
direção de produção e de estúdio de Roberto Menescal, e direção musical de
Magro, com brilhantes participações do MPB-4 e arranjos de Rogério Duprat. É
perfeita a alternância, faixa a faixa, entre tensão e calmaria.
A melodia minimalista e arranjo pós-apocalíptico de Deus
lhe pague consistem nas boas-vindas ao inferno, expectativa que é quebrada
no clima quase sacana de Cotidiano, em formato inicialmente bem mais
cômodo, mas que vai aos poucos se carregando de excentricidades no arranjo;
esse disco não tem espaço para superficialidades. Somos arremessados então a Desalento,
um dos sambas mais belos já compostos, e ficamos sem fôlego frente à
pesadíssima e intrincada faixa-título, candidata fácil a encabeçar uma lista de
melhores músicas do mundo.
Após tamanha veemência, somos amparados pelo frescor sonoro
de Cordão. A desesperança de Olha Maria é pura inspiração, e
contrapõe-se à irresistível Samba de Orly. O retrato altamente
surrealista e nostálgico de Valsinha e o relato com um quê de profano de
Minha história (gesubambino) são muito fortes, incríveis, mas cedem
espaço ao delicado Acalanto final.
Chico Buarque, Construção, a canção brasileira
em todo seu esplendor! Ouça, desfrute, reflita, repasse:
Clique aqui para ouvir o álbum completo no YouTube
Comentários
Postar um comentário