Tudo o que eu tenho a dizer (sobre Música)

  #280 Leandro & Leonardo - Eu Juro (1995) Algumas versões superam as originais. Eu juro trouxe uma cor brasileira especial a uma canção já bela. O fenômeno pop das duplas sertanejas dos anos 90 é datado e brega, mas seu repertório pode ser cantado a plenos pulmões por membros das mais diversas tribos musicais.   #279 Ronnie Von - Pare de Sonhar com Estrelas Distantes (1969) Pare de sonhar com estrelas distantes é muito especial para mim - eu a inseri como epígrafe na minha dissertação de mestrado. Utilizando apenas acordes maiores, geralmente distantes entre si, os compositores Tom Gomes e Luis Vagner criaram uma verdadeira pérola da psicodelia brasileira. #278 Projota - Mataram um Amigo Meu (2013) É uma pena que artistas talentosos tenham que se vender, pervertendo seu som e princípios éticos, a fim de se manterem no jogo das grandes corporações da música. Projota fez músicas boas até 2013; após isso, foi ladeira abaixo. Mataram um amigo meu é um relato dramático so...

    #290 Baco Exu do Blues - Oração à Vitória (2017) Oração à vitória  é um dos grandes destaques do álbum de estreia de Baco Exu do Blues. Os samples são hipnóticos; a letra, dura e labiríntica. Das saudações iniciais a Exu às reiterações exageradas de que “E a vitória é gloriosa / Tipo [Como] cigarro depois do sexo”, tudo é tensão e criatividade.   #289 Serge Erege - Harmony (2016) Serge Erege criou um mundo próprio com suas canções pop introspectivas, eletrônicas e lo-fi. Harmony talvez seja a grande porta de entrada para o seu único álbum, Scorpio , lançado em 2016. Nostalgia e tristeza se fazem presentes em cada sonoridade proposta pelo artista, e cortam como navalha. #288 Ratos de Porão - Amazônia Nunca Mais (1989) [texto de Yuri Santos] A música Amazônia nunca mais , da banda Punk/HC Ratos de Porão, retrata um tema que está sempre em voga: crimes ambientais, grilagem, assassinatos, corrupção nos órgãos governamentais, etc. A sanha destruidora das nações i...

  #296 Tati Quebra Barraco - Boladona (2004) Era de se esperar que essa música ficasse entre as últimas da lista, mesmo sendo avaliada por colaboradores que eu confio e admiro demais. Boladona é um grande feito do maior nome do funk carioca, Tati Quebra Barraco, com a produção irresistível do DJ Marlboro. A faixa é também um dos últimos suspiros de coisas interessantes trazidas pela grande mídia brasileira. Vale sempre refletir: (1) por um lado, observamos a supervalorização de muito rock branco, inglês/estadunidense, que canta sobre putaria machista, saudado inclusive por muitos tiozões do rock, extremamente conservadores em todos os vis sentidos; (2) por outro lado, há o cancelamento quase unânime, pelos “civilizados”, dessa música preta, periférica, festiva, direta e (por que não?) que canta sobre putaria.   #295 Gimu - Pain, Exposed 2 (2011) Gimu nunca me perdoará por eleger Pain, exposed como seu melhor álbum. Muito pelo contrário, esse foi um dos registros que o próprio...

  Sempre gostei de realizar seleções de músicas e álbuns preferidos, o que culminou na minha lista de 107 discos preferidos da música brasileira, e agora nessa lista de 296 melhores músicas brasileiras, que contou com um excelente time de colaboradores. A lista inicial, com 135 músicas, foi elaborada junto a Sabrina Souza. Após isso, adicionamos mais 145 músicas propostas pelos colaboradores do projeto (5 indicadas por cada um dos 29 colaboradores). Por fim, incluímos mais 16 músicas que descobrimos ou redescobrimos depois, totalizando 296 músicas. A segunda fase do projeto consistiu na avaliação das músicas pelos colaboradores, para a elaboração do ranking final. Solicitamos que eles as ouvissem atentamente e que atribuíssem a cada música uma nota de 0 a 10 (10 para perfeita e 0 para completamente desagradável), podendo utilizar casas decimais, e fundamentados totalmente por critérios pessoais. O ranking final foi calculado a partir das médias simples para cada música, e será publ...

  Seguem os álbuns brasileiros que mais me cativaram em 2024:   Felipe Lara - Portals Às vezes, precisamos apenas nos deixar levar pelas sonoridades de instrumentos europeus tradicionais, permeados por uma série de inovações composicionais dos séculos XX e XXI; ou seja, da “música contemporânea raiz”. Felipe Lara surgiu do nada pra mim, enquanto ouvia os álbuns de brasileiros disponibilizados na Loja Clássicos. Lara é um compositor e professor com carreira de peso nos Estados Unidos (inclusive finalista do Prêmio Pulitzer de 2024), e sabe conduzir muito bem o ouvinte por trajetórias contemporâneas, sem nunca resvalar no raso ou no banal. Em Portals , o Talea Ensemble (regido por James Baker) e o pianista Conrad Tao interpretam a música de Lara com toda a alma e competência técnica. Clique aqui para ouvir o álbum completo no YouTube   Gimu - The Loneliness of Carers Entre 2010 e 2022, Gimu lançou 64 álbuns e EPs, alguns em parceria, e muitos lançados em formato físico (CD ...