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Lô Borges - Singela Homenagem

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  Como seria muito ousado afirmar que Lô Borges foi o melhor compositor da música popular brasileira - dado o cânone “indiscutível” dos intocáveis a esse posto -, me atenho a apontar Lô Borges como o compositor brasileiro cuja linguagem composicional mais me toca, junto à de Beto Guedes. Não é à toa que ele é de longe o recordista de entradas na minha lista de melhores músicas brasileiras - que em breve terminarei de publicar. Por ocasião do falecimento do artista em 2 de novembro de 2025, e para marcar a 200ª publicação neste blog, pensei em uma singela homenagem a Lô, apontando um destaque de cada um de seus álbuns da fase áurea, pela qual me apaixonei . Esta compreende cinco álbuns de estúdio lançados entre 1972 e 1984, e tem como apêndice um álbum ao vivo de 1987. Confesso que me debrucei pouco sobre sua fase seguinte, com seis álbuns de estúdio entre 1996 e 2011, por não ter me identificado muito - ou por esperar algo que me remetesse à sua fase anterior. Após sua morte, me as...

Renato e Seus Blue Caps em Mossoró/RN

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    No dia 8 de novembro de 2025, no Hotel Villa Oeste (Mossoró/RN), aconteceu a Noite da Jovem Guarda, que contou com apresentações musicais de Renato e Seus Blue Caps, Almir Bezerra (antigo vocalista do The Fevers), Os Pholhas, Coroa Boy e Robertinho do Acordeon. Embora fosse um ambiente de difícil acesso e com problemas estruturais e organizacionais básicos, nada disso pareceu tirar a alegria e vitalidade do público, em sua grande maioria pessoas 60+. Como fã de carteirinha de Renato e Seus Blue Caps (“a melhor banda de rock do Brasil!”), eles foram a grande motivação para eu ir ao evento, embora eu também admire outros nomes da Jovem Guarda. Inclusive, foi incrível assistir Os Pholhas ao vivo, estes que fazem parte de outro importante recorte da música pop brasileira, do qual sou ainda mais adepto: o dos “falsos gringos”, ou seja, bandas brasileiras que cantavam músicas originais em inglês. Este foi o segundo show do Renato e Seus Blue Caps que eu assisti; sendo o primeir...

Jadsa - Entrevista no MADA 2025, em Natal/RN

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  Texto introdutório por William Robson / Realização da entrevista por Myrna Barreto e Renan Simões / Transcrição da entrevista por Renan Simões [Myrna Barreto e Renan Simões realizaram uma cobertura do Festival MADA 2025, em Natal/RN, para o site Bolsa de Discos]   No palco do Baile da Amada, durante o Festival MADA 2025, Jadsa pareceu despertar o público logo nos primeiros acordes. Era cedo, mas mesmo assim a artista baiana conseguiu capturar a atenção de quem chegava - com o gingado, a firmeza e o magnetismo de quem sabe que está onde deveria estar. Natural de Salvador, autodidata desde a infância e com uma trajetória marcada pela curiosidade e pela liberdade, Jadsa construiu uma sonoridade que flutua entre o rock, o jazz, o soul e a MPB - mas que, acima de tudo, se afirma como música brasileira contemporânea, viva e inquieta. Depois de um primeiro disco dedicado a Itamar Assumpção,  Olho de vidro  (2021), ela mergulha agora em um novo momento com  Big b...

Festival MADA (Música Alimento da Alma) 2025, em Natal/RN - Dia 2

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  Texto por Myrna Barreto [Myrna Barreto e Renan Simões realizaram uma cobertura do Festival MADA 2025, em Natal/RN, para o site Bolsa de Discos] A segunda noite do Festival MADA 2025, realizada no sábado, 18 de outubro, na Arena das Dunas, em Natal (RN), começou com a abertura dos portões às 19h. O clima já começa a aquecer quando, às 19h50, Guto Brant inicia o seu show numa pegada de som experimental/pop. Guto é mineiro, natural de Belo Horizonte, e atua não só como cantor, mas também como compositor e produtor musical, cuja obra vale a pena conferir. Dez minutinhos depois do Guto subir no palco do Gramado da arena, estreia a segunda noite do badalado Baile da Amada, com o Cheiro de Queijo, de Maracanaú, Ceará. Esta apresentação é um verdadeiro espetáculo que conta com influências do circo - inclusive, rola palhaçaria - até a cultura de rua e rap. De volta ao gramado da arena, às 20h40, é chegado o momento da banda do bairro Bom Pastor, considerado como região “periférica” de...

Amaro Freitas no Festival MIMO 2025, em Olinda/PE

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  Amaro Freitas encerrou o Festival MIMO 2025, em Olinda/PE, de forma extraordinária. Foi, de longe, um dos melhores shows que assisti na vida. A magia do momento foi também potencializada pelo suposto silêncio do artista, que comunicou uma miríade de sentimentos e ideias ao público exclusivamente através de sua música, expressões e ações, sem pronunciar uma única palavra. Amei isso. O recém-formado septeto do artista estava desfalcado: o trompetista Sidmar Vieira havia sofrido um acidente; tudo estava sob controle, mas ele não pôde comparecer ao show por conta do repouso. O pianista e compositor Amaro Freitas estava muito bem acompanhado: Alexandre Rodrigues (saxofone, flauta transversal e pífano), Beto Xamba (percussão), Henrique Albino (saxofone, flauta transversal e pífano), Rodrigo "Digão" Braz (bateria) e Sidiel Vieira (baixo acústico). O grupo entrou no palco e atacou um frevo bem agitado, complexo, moderno e de tirar o fôlego. O público veio abaixo. A seguir, nos ...

Don L - Entrevista no MADA 2025, em Natal/RN

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  Texto introdutório por William Robson / Realização e transcrição da entrevista por Renan Simões [Myrna Barreto e Renan Simões realizaram uma cobertura do Festival MADA 2025, em Natal/RN, para o site Bolsa de Discos]   Com uma trajetória marcada pela inquietação artística e pela busca constante por novas linguagens, Don L é um dos nomes mais inventivos do rap brasileiro contemporâneo. Desde os tempos do Costa a Costa, passando pela trilogia em andamento  Roteiro para Aïnouz, Vol. 1 e 2 , até o mais recente álbum - de forte identidade brasileira -, o artista segue explorando sons, discursos e estéticas que rompem fronteiras. Nesta rápida conversa com Renan Simões, do Bolsa de Discos, durante o festival Mada, Don L reflete sobre as transformações em sua sonoridade ao longo dos anos, a relação entre forma e conteúdo em sua obra e o compromisso em construir uma música que só poderia nascer aqui, no Brasil.   Renan Simões (Bolsa de Discos) – Ao l...

Dinho Almeida (Boogarins) - Entrevista no MADA 2025, em Natal/RN

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  Texto introdutório por William Robson / Realização e transcrição da entrevista por Renan Simões [Myrna Barreto e Renan Simões realizaram uma cobertura do Festival MADA 2025, em Natal/RN, para o site Bolsa de Discos] Com mais de uma década de trajetória e uma discografia marcada pela ousadia e pela experimentação, o Boogarins, que fez sua apresentação no festival MADA, consolidou-se como uma das bandas mais inventivas do rock brasileiro contemporâneo. Surgida em Goiânia, a banda encontrou nas sonoridades da cena alternativa dos anos 2000 um terreno fértil para criar uma linguagem própria - psicodélica, livre e sempre em transformação. Em entrevista ao Bolsa de Discos, o vocalista e compositor Dinho Almeida reflete sobre o processo de formação da identidade sonora do grupo, que desde o disco de estreia,  As Plantas que curam  (2013), vem desbravando caminhos entre o lo-fi e a experimentação analógica, sem perder a conexão com o público. Ele relembra as inf...