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Mostrando postagens de outubro, 2024

#3 – Babau do Pandeiro – Meu Primeiro Compacto (2002) – Os 5 Discos Nacionais Mais Bizarros da Década de 2000

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  Babau do Pandeiro é uma figura icônica de Fortaleza, e realizou diversas gravações de música de São João, Carnaval e afins. Infelizmente, sua obra não está organizada e disponibilizada para o público; esta vem sendo distribuída, desde 2002, pelo próprio artista, a partir de CDrs. Tentei, ainda sem sucesso, o acesso a essa obra. Também não temos maiores informações acerca dos títulos exatos das músicas e seus compositores - há composições do artista, e outras podem ser facilmente identificadas por conhecedores dos gêneros abordados. Meu primeiro compacto (2002), registro de estreia de Babau, é um compêndio bem divertido de marchinhas de Carnaval. Com uma voz mais que adequada para o gênero, e ótima afinação, a comicidade do álbum reside nos atravessamentos rítmicos, harmônicos e formais entre o cantor e seu músico acompanhador. Esses atravessamentos remetem bastante ao álbum Philosophy of the world (1969), das meninas do The Shaggs, um clássico da música amadora, apontado por Kurt Co

#4 – Marli – Rainha das Trevas (2002) – Os 5 Discos Nacionais Mais Bizarros da Década de 2000

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  Nada mais perturbador do que iniciar um álbum com sons eletrônicos frios, gritos/gemidos e a oração do Pai Nosso . Essa é a vibe geral de Marli, projeto do qual faziam parte Marli Souza Silva, cantora de Ipirá (BA), e Antonio Augusto Farias (o Witched), produtor de Feira de Santana (BA). O canto de Marli é um improvável complemento de terror às produções eletrônicas de Farias. Marli trabalhava na casa de Farias, e este a convidou para um projeto musical experimental após ler algumas de suas letras. A parceria produziu 9 álbuns originais entre 2002 e 2013, e finalizou definitivamente as suas atividades em 2021. O álbum de estreia da dupla, Rainha das trevas (2002), é um acontecimento da música experimental, dos primórdios da internet, da cultura do meme, da viralização do bizarro, da produção caseira, do amadorismo em música, e dos temas tabus. Após a aterrorizante abertura de Fantasia/Sonho sem fim (que utiliza o texto do Pai Nosso ), temos um clima muito mais ameno e divertido em

#5 – Damião Experiença – Amorzinho 1914 (2007) / Sarafina 1937 (2007) – Os 5 Discos Nacionais Mais Bizarros da Década de 2000

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  Damião Experiença é uma das figuras mais emblemáticas da contracultura brasileira, com uma história cheia de lacunas e imprecisões. Damião fugiu ainda criança de sua terra natal (Portão, distrito de Santo Amaro de Ipitanga - atual Lauro de Freitas -, na Bahia) para o Rio de Janeiro, por apanhar muito dos pais. Supostamente atuou como cafetão nos anos 60. Foi militar aposentado após sofrer um acidente, e produziu quase 30 discos de forma completamente independente, muitos dos quais com músicos ainda hoje não identificados. Criou teorias sobre o porvir, a partir do Planeta Lamma, para o qual criou uma língua própria, e fez dreadlocks antes mesmo de Bob Marley estourar no mercado internacional. Passou anos acumulando objetos e entulhos em seu apartamento em Ipanema, no 13º andar de um edifício. Pude conferir isso pessoalmente nas duas visitas que fiz ao artista, junto a Igor Colombo e Sabrina Souza: seu apartamento era praticamente um túnel rente ao teto, realizado a partir de entulhos,