#26 – Lô Borges – Lô Borges (1972) – Ranking dos (meus) 107 Melhores Discos da Música Brasileira (até 2020)
Como um artista conseguiu lançar tantas músicas espetaculares em tão pouco tempo? Após nos presentear com composições admiráveis no clássico Clube da esquina (1972), Lô Borges construiu um mundo ainda mais particular e instigante em seu álbum de estreia. Estas 15 canções são pílulas sonoras perfeitas que parecem ter saído de 15 planetas diferentes, e possuem trajetórias inusitadas e geniais. O time de músicos é formado por Lô, Toninho Horta, De Jesus, Beto Guedes, Nelson Angelo, Novelli, Rubinho, Tenório Jr., Danilo Caymmi, Zé Geraldo e Robertinho Silva, entre outros. As composições são de Lô, sozinho ou em parcerias com Márcio Borges, Tavinho Moura e Ronaldo Bastos
Você fica bem melhor assim é puro rock, mas absurdamente diferente de qualquer coisa produzida à época no Brasil. Canção postal evoca espíritos latinos lamentosos em um contexto onírico de vozes e cordas dedilhadas. O caçador e Homem da rua são verdadeiras gemas da música terrestre, a primeira em um terreno mais aconchegante, e a segunda conclamando nossos traumas para que sejam encarados face-a-face.
O baião tortíssimo de Não foi nada é um experimento regular, assim como a atmosférica Pensa você, que parece ter sido gravada dentro de uma nuvem. Não há nenhum riff mais bad boy do que o de Fio da navalha, e não há canção de 38 segundos mais bem-acabada que Pra onde vai você. O delírio progressivo e ameno de Calibre introduz outras duas criações monumentais: a apaixonante Faça seu jogo, e a psicodélica Não se apague esta noite. Aos barões é esquisita, ainda que no contexto todo inusual que presenciamos até aqui, mas os violões e melodias de Como o machado, Eu sou como você é e Toda essa água formam uma trindade conclusiva perfeita.
Lô Borges, Lô Borges (1972), um universo musical particular e instigante! Ouça, desfrute, reflita, repasse:
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