Considerações sobre a própria produção musical [2 de 5] – Capixaba II: Noite
Noite, a segunda metade do álbum Capixaba, é inaugurada pela curtíssima e torturante In memoriam, uma composição que fiz ao voltar de um enterro e que foi revisada e finalizada em momento posterior. Trata-se de uma homenagem genérica a todos que se foram:
O que se vê é uma belíssima composição do meu pai, Horácio Simões. A inspirada melodia também ganhou uma versão com letra. Minha interpretação foi baseada em uma gravação do compositor, com sutis alterações:
Marcelo Rauta, grande compositor e amigo, compôs, até o momento, três Sonatinas para dois violões – a terceira, ainda inédita, dedicada a Sabrina Souza e a mim. Eu já havia gravado a Sonatina nº 1 com Bruno Soares no CD Rerigtiba, de obras de Marcelo Rauta, e a regravei com Sabrina Souza para este projeto. Os títulos dos movimentos, Maxixe exótico, Fugatto desconcertante e Rondó cromático são bem sugestivos:
A desafiadora Sonatina nº 2, com três movimentos rápidos e virtuosos, foi revisada e estreada pelo duo que tenho com Sabrina Souza. Acabou se tornando uma das peças mais tocadas do nosso repertório. A utilização da voz no terceiro movimento dá um toque bem especial na grandiosa finalização:
Eu realizei o arranjo de The movie song, de Marcos Bentes, para a Mostra do Compositor Erudito Capixaba de 2010 – mesmo evento para o qual arranjei Displicentemente. Busquei manter a exuberância da melodia ao longo de todo o arranjo:
Uma das grandes honras da minha vida foi ter realizado a primeira revisão dos 12 estudos para violão de Marcelo Rauta. O ciclo é ainda inédito em sua integralidade, mas algumas de suas peças já foram objeto de pesquisa de trabalhos acadêmicos de graduação, mestrado e doutorado. Eu me aventurei na profusão de notas sem fim do Estudo nº 4, do qual sou dedicatário, e Sabrina, na melancolia quase litúrgica do Estudo nº 5 a ela dedicado:
Em 2010, compus minha primeira peça para violão solo. A animação era tanta que incluí, nesta peça, todos os extremos de expressão musical, desafios técnicos e extravagâncias musicais. Como resultado, Quatro miniaturas, ainda que não seja minha partitura com melhor acabamento, é minha expressão artística no que há de mais visceral. Os títulos dos movimentos foram dados por Fabiano Mayer, meu grande mestre de violão na Faculdade de Música do Espírito Santo:
Os dez gestos do escorpião é uma obra aberta que fiz em homenagem à minha irmã, Cynthia Colombo. São dez micro movimentos, cada um com cerca de cinco segundos, que podem ser utilizados de forma bastante livre. Lauro Pecktor já havia realizado experimentos magníficos com os dois primeiros gestos, mas foi na monumental Os gestos do escorpião, realizada a partir de gravações que fiz dos dez gestos, que a peça alcança seu máximo de expressão:
Após tantos gestos contemporâneos, somos arremessados à paz em forma de som com Tudo o que eu tenho a dizer. Esta sublime composição do meu pai encerra o registro, nos convidando à contemplação, ao autoconhecimento, e à conexão com coisas boas:
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