Tudo o que eu tenho a dizer (sobre Música) – Parte 3
Ouvimos música como um todo? Ou estamos focados só na letra, na poesia? Ou apenas no artista? Ou no conceito? A música sobrevive sem conceito? E o conceito, em música, sobrevive “sem música”? Música caminhando lado a lado com o conceito e com a poesia, ou a seu serviço? Conceito e poesia caminhando lado a lado com a música, ou a seu serviço?
Desde os primórdios, a música precisa de uma razão para existir, para ser expressada. Por isso, ela é comumente baseada em conceitos e palavras (a “letra da música”), ou destes se utiliza. Entretanto, é extremamente comum observar, em expressões musicais, a própria música como pano de fundo para conceitos e poesias.
Não faço alusão aqui àquele chavão preguiçoso, preconceituoso e furado, de que certos gêneros “não são música por terem apenas letra”; chavão este que desavisados destilam, por exemplo, contra o hip-hop. O que quero apontar é que, comumente, nos deparamos com esplendorosos conceitos e poesias em projetos musicais, tudo lindo, mas, em minha percepção, carecendo da própria música em si. Infelizmente, isso é muito mais comum do que imaginamos.
Em uma análise bastante desoladora sobre a realidade, pontuo que artistas sem vivência e sagacidade musicais, limitados auditivamente, com pouca cultura musical e muito mal gosto, acabam se escorando em conceitos e poesia para levarem a cabo projetos musicais, viciando negativamente o ouvido do público e mantendo o círculo vicioso da ignorância musical sem que percebamos. Me refiro aqui, obviamente, tanto à música da grande mídia quanto às das mídias alternativas.
Minha teoria da conspiração sobre a indústria da música é a seguinte: existe um interesse oculto para que as pessoas não tenham uma cultura musical de qualidade, a fim de que estas não descubram a si mesmas de forma integral. Essa teoria é bastante furada, certo? Ou não?
As preferências musicais, por sua vez, são construções individuais: cada um tem a sua trajetória e repertórios favoritos, e devem ser respeitados. Eu, particularmente, prefiro quando a dimensão musical da criação artística vale a pena, com conceito e poesia caminhando lado a lado com a música.
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