João Pimenta - Orquídea (1998) - Discografias

 


A série Discografias aborda a obra de alguns artistas que cruzaram minhas apreciações musicais, muitos dos quais com pouquíssimas publicações a seu respeito. O primeiro artista da série é João Pimenta, músico capixaba que foi colega de trabalho do meu pai e de quem conheço dois álbuns desde a mais tenra infância. O próprio Pimenta tem elaborado textos sobre sua produção fonográfica.

 

Texto de João Pimenta (com adaptação final de Renan Simões):

O CD Orquídea (1998) consistiu em mais uma homenagem ao Espírito Santo, um dos maiores produtores de orquídeas do Brasil. A gravação deste álbum aconteceu entre os anos de 1997 e 1998. Nesta época já tínhamos bons estúdios no estado. A produção foi minha, com ajuda da venda de discos e apoio da Lei Rouanet. Foi gravado no Vitória Estúdio, que acabou falindo por má gestão no período da mixagem. Assim, tive que contratar um técnico de outro estúdio para fazer a finalização, um transtorno inesperado.

Os músicos deste disco foram: Sérgio Mello na bateria, Ricardo Finazzi no contrabaixo, Carlos Bernardo nas guitarras e violão, e Pedro de Alcântara no piano e arranjos de cordas e metais. Contei ainda com a participação do Colibri no sax alto, o saudoso Antônio Paulo no sax tenor, Wanderlei Rocha no Trombone, Marcelo Santos no Trompete, Di Castro na percussão, e Daniela Moraes, Babi e Nani Rodrigues nos vocais. Convidei minha filha, Luciana Pimenta, que sempre gostou de cantar, e Humberto Rosa para cantarem comigo. O álbum teve também a participação do Coral da saudosa TELEST, que foi quem patrocinou o disco através da Lei Rouanet e solicitou a inclusão do mesmo, e cujo regente era Helder Trefzger. O lançamento foi no Teatro Carlos Gomes (Vitória/ES), em 4 de junho de 1998.

A instrumental Gabriela (João Pimenta) foi feita para a minha filha; Orquídea (João Pimenta e Carlão Ferruth) é uma homenagem ao estado do Espírito Santo; Ilha (João Pimenta), uma homenagem à nossa capital, relembrando que nossa ilha é uma delícia; Sentimento (João Pimenta) é um blues quase utópico, como apontado por um jornal na época;  Andarilho (João Pimenta e Antônio Remo) conta a história de um ermitão; Mocidade em Verão (João Pimenta e Cesar Almeida) traça um elo entre poesia e juventude; Pai Nosso, (João Pimenta) é uma melodia feita especificamente para a participação do Coral da TELEST; África (João Pimenta e Carlos Papel) discorre sobre a influência da cultura africana na vida brasileira; Brasileiro (João Pimenta e Alvarito Mendes) tem uma letra que fala por si só.

Quando menino, morei em Minas Gerais e sempre via a Maria Fumaça passando nos trilhos, a qual homenageei na faixa Maria fumaça; Leilão de sonhos é uma parceria minha com Tavares Dias; É com esse que eu vou (Pedro Caetano) já havia sido imortalizada na voz de Elis Regina. Por fim, Queimado, a insurreição é uma música instrumental em homenagem aos três escravos mortos no episódio de Queimados (ES).

Orquídea foi um dos discos que mais deram trabalho para serem colocados na roda, mas valeu a pena. Quanto ao impacto, era mantido o mesmo cenário: as emissoras de rádio ainda não tinham se sensibilizado para tocarem músicas que eram feitas no Espírito Santo.

Adendo final de Renan Simões:

Meu pai, Horácio Simões, era funcionário da TELEST e integrante do Coral da TELEST à época, e com este grupo participou da gravação da faixa Pai Nosso. Trata-se da única gravação oficial que meu pai realizou em vida, o que torna este álbum muito especial para mim; no encarte do álbum há uma foto do coral com meu pai entre os integrantes.

Clique aqui para ouvir o álbum completo no YouTube



Texto revisado por Sabrina Souza
Crédito das Imagens: 
João Pimenta - Orquídea (1998) – Fonte: Apple Music
Publicado também no Caderno de Cultura da Pressenza International Press Agency

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