João Pimenta - Rosa Azul (2003) - Discografias
A série Discografias
aborda a obra de alguns artistas que cruzaram minhas apreciações musicais,
muitos dos quais com pouquíssimas publicações a seu respeito.
O primeiro artista da série é João Pimenta, músico capixaba que foi colega de
trabalho do meu pai e de quem conheço dois álbuns desde a mais tenra infância.
O próprio Pimenta tem elaborado textos sobre sua produção fonográfica.
Texto de
João Pimenta (com adaptação final de Renan Simões):
Eu me
formei pela Escola Técnica Federal do ES como Edificador e trabalhei na saudosa
TELEST (Telecomunicações do Espírito Santo S/A) como Desenhista e depois como Técnico
de Telecomunicações. No ano de 97/8, a empresa foi privatizada, no governo
Fernando Henrique, e a nova direção criou um núcleo entre Minas Gerais, Rio de
Janeiro e Espírito Santo, pois havia inúmeros telefones físicos e celulares
para serem ativados.
A área de
projetos de rede onde eu trabalhava foi transferida para Belo Horizonte, e eu
não tive opção: tive que me mudar para a capital mineira com minha família, e por
lá fiquei aproximadamente por 2 a 3 anos. Retornei para Vitória em 2001, e
senti saudades dos palcos. Assim, comecei a trabalhar no projeto de gravar
outro CD.
Ouvi muito
Luiz Gonzaga na infância, sempre gostei de xotes, xaxados e baiões. Por ter
lido uma matéria que falava da criação, no Japão, de uma rosa que seria azul, liguei
este tema às cores da bandeira do Espírito Santo (rosa, azul e branco) e fiz um
baião meio torto, ao qual dei o nome de Rosa azul e batizei o CD de Rosa
azul – Xote, Xaxado, Baião e Congo. A capa deste álbum foi feita por Kleber
Galveas.
Convidei
os músicos Sérgio Melo (bateria), Leonardo Teixeira (contrabaixo), Pedro de Alcântara
(piano, cordas e acordeom), Borginho (guitarra e violão), e contei com os
vocais de Babi Vacari, Daniela Moraes e Nani Rodrigues. O CD foi gravado no
Scala Estúdio, em Vitória (ES), e a produção, como sempre, foi minha. Como dizem
os mineiros sobre a música alternativa: “Independente ou Morte”. Fiz também os
arranjos de base, mas contei com a ajuda de sempre dos músicos para abrilhantar
o disco.
Penso que
o impacto deste disco foi muito pequeno, pois estava há três anos longe da vida
musical de Vitória, e não tive uma divulgação dos jornais que pudesse
corroborar para divulgar o evento. De toda forma, como me formei na ETEFES,
acabei sendo convidado para fazer o lançamento do CD no Auditório da antiga Escola
Técnica Federal (atual IFES, à época CEFET-ES), onde seria comemorado o dia do Técnico
Industrial, organizado pelo Sindicato dos Técnicos Industriais, do qual fui sócio
fundador.
Sobre as músicas,
posso afirmar que foram novas experiências:
a) Asas
de setembro (João Pimenta) foi uma outra homenagem à nossa capital, já que
nasci em setembro e por Vitória comemorar seu aniversário no dia 08 de setembro;
b) Rio
Cricaré foi mais uma parceria com o amigo Carlos Papel; uma homenagem a um
pequeno rio de São Mateus (ES);
c) Êxodo
(João Pimenta & Jadir) foi composta na época que eu estudava na Escola Técnica
e fala sobre a população nordestina que habitava e ainda habita São Paulo;
d) Rosa
azul (João Pimenta) é um baião homenageando o Espírito Santo;
e) Folha
seca (João Pimenta), um xote;
f) Me
ensina a cozinhar (João Pimenta): quando menino, minha mãe fez de tudo para
me ensinar a cozinhar, mas nunca aprendi. Na canção, relatei algumas receitas
que ela quis me ensinar;
g) Nóis
é jeca mais é jóia (Juraildes da Cruz): achei este tema do Juraildes muito
boa e pedi permissão para colocar no CD; este compositor foi também responsável
pela música de abertura do programa Som Brasil, de Rolando Boldrin;
h) Cantiga
de lavrador (João Pimenta): um baião que havia feito na minha adolescência,
quando ainda morava no bairro Aribiri, em Vila Velha (ES);
i) Lembrando
de você (Sérgio Souto & Moacyr Luz): cantei muito esta música do amigo Sérgio
Souto e decidi pedir permissão para gravá-la;
j) Vento
ligeiro (João Pimenta): um xote descontraído;
k) Cheiro
de povo brasileiro (João Pimenta): na adolescência, participei do Grupo
Arte & Manha e também do Grupo Cheiro de Povo; acabei compondo este baião
para ser o tema do grupo;
l) Milagre
(João Pimenta) é um xote que aborda o cotidiano de um interior do nosso mundo.
Texto revisado por Sabrina Souza
Crédito das Imagens: João Pimenta - Rosa Azul (2003) – Fonte: Apple Music
Publicado também no Caderno de Cultura da Pressenza International Press Agency
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