Gimu - The realm of higher things (2020) - Discografias
A série
Discografias aborda a obra de alguns artistas que cruzaram minhas apreciações
musicais, muitos dos quais com pouquíssimas publicações a seu respeito. O segundo
artista da série é Gimu, grande amigo e influenciador que produziu uma obra
espetacular e única no cenário brasileiro de música experimental. O próprio Gimu
tem elaborado textos sobre seus álbuns favoritos:
Meus álbuns dos últimos anos
são todos muita escuridão, e acho que não tinha mesmo como ser diferente. Os
últimos anos têm sido, talvez, os mais difíceis dessa vida maravilhosa que
tenho. Até penso em fazer algo mais iluminado (atravessa, luz!) mas no final
fica tudo um caos, tudo meio que desabando. (Olá, caos! Vc de novo por aqui?)
A criação de The realm...
foi um troço bem desencontrado, tudo muito picotado. Naquelas de trabalhar um
pouco em uma música, depois parar, esquecer um pouco dela, voltar, não lembrar
direito o que tinha feito, nem sempre lembrar como a música havia começado. A
sensação não é bacana. O bom é quando parece que tudo tá redondinho dentro da
cabeça, quando você para e pensa e consegue lembrar de tudo, o que é o quê, de
onde veio cada parte, terminar uma música e começar a outra, etc. Isso também
não tem rolado assim de jeito nenhum nos últimos anos. Caos.
Com The realm... eu
queria fazer um álbum de “slow very dark and gloomy black doom metal”, mas
tinha que achar um jeito de fazer doom metal do meu jeito. A ideia foi fazer
tudo soar como que esmagado, sons esmagados, texturas destroçadas, som “ruim”
como conceito (bom…), não pensar tanto em criar coisas bonitas, melodias
bonitas. Me segurar para aceitar que algumas músicas nem melodia teriam.
O
Andy Cumming, em sua resenha, acertou em cheio quando
escreveu:
“Higher
things soa como black metal passado por uma prensa, saindo do outro lado
como um Burzum achatado, mas com rugidos distorcidos e distantes adicionados”.
Black metal ambient 🙂
O álbum foi lançado pelo
selo The Committee For Sonic Research, que também lançou outros álbuns
meus.
“A discussão sobre o selo é
aproximadamente cronológica desde sua formação em 1985 e é pontuada por uma
dúzia de faixas do catálogo da TCFSR” (trecho do site).
Gimu - The realm o higher things
Texto revisado por Sabrina Souza
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