Festival MADA (Música Alimento da Alma) 2025, em Natal/RN - Dia 1
Texto de Myrna Barreto
[Myrna Barreto e Renan Simões realizaram uma cobertura do Festival
MADA 2025, em Natal/RN, representando o site Bolsa de Discos]
A primeira noite do festival Mada 2025, dia 17 (sexta-feira),
realizado na robusta estrutura da Arena das Dunas, na capital potiguar, parece
corroborar a ideia de que o seu perfil é apresentar um evento pautado na
diversidade de sons, artistas e propostas musicais. Analisando, por exemplo, a
distribuição do line-up nos dois dias, 17 e 18 de outubro, a estratégia da
organização parece ter sido no primeiro dia selecionar as atrações com público
de grande amplitude numérica, já que pelas informações da assessoria do evento,
a marca era de 20 mil expectadores que transitaram entre os três palcos
montados durante o dia de abertura desta edição.
A primeira noite
de shows teve início às 19h30, com a cantora Dani Cruz, que mesmo tendo 10 anos
de estrada na música potiguar, fez a sua estreia no festival Mada. Dani
apresentou o seu recém-lançado Canto de sol e
demonstrou muita satisfação e conexão com o público que começava a chegar na
área do gramado, que é onde se encontram os dois grandes palcos lotados no
campo da Arena. Às 20h02, deu o start no Baile da Amada, localizado do lado de
fora da arena, que é um palco com menor dimensão estrutural, mas que (aos meus
olhos) pareceu muito maior quando a soteropolitana Jadsa deu os primeiros
acordes em sua guitarra.
A cantora baiana
começa a despertar o público já nas primeiras músicas de seu show, que permeou
os excelentes trabalhos Olho de vidro (2021) e
do recém-lançado Big Buraco (2025).
Arrisco dizer que Jadsa realizou um dos melhores shows da primeira noite; em
poucos minutos angariou um público atento que fez coro em várias canções,
deixando um ar intimista pelo envolvimento palco/plateia. Arrisco sugerir, aos
melômanos de plantão, o trabalho desta artista que produz música autoral
interessante e, por isso, imagino que ainda deve render excelentes frutos.
Realizamos, Renan Simões e eu, uma entrevista exclusiva com Jadsa - confiram na
página do Bolsa de Discos.
O terceiro show
da noite foi da baiana Melly, que ganhou contornos daquele tipo de áurea que
permeia os grandes festivais. A esta altura, 20h30, já era perceptível uma
maior presença do público. Melly brilhou e a sua voz sedutora (tipo R&B)
envolveu o público principalmente pelo sucesso de Amaríssima (2024) e de Azul, título
do seu bem-sucedido EP (2021).
Os goianos
Boogarins subiram no palco às 21h30 e apresentaram o trabalho mais recente, Bacuri,
quinto álbum de estúdio desta que é uma das bandas consagradas pela fusão
competente da psicodelia com outras referências sonoras brasileiras.
Conversamos, com exclusividade para o Bolsa de Discos, logo após a apresentação
da banda, com o vocalista Dinho. Na entrevista, podemos entender um pouco do
momento atual da banda, como também da fase pessimista de 2017 e outros
detalhes.
Ainda estávamos
na área dos camarins quando era impossível não ouvir os gritos eufóricos da
plateia da cantora mineira Marina Sena. O público incrivelmente numeroso
aguardava ansioso pelo início do show do último álbum da artista, chamado Coisas
Naturais (2025). A cantora entregou o que se espera: um show
com belo figurino, sensualidade, balé competente e efeitos plásticos dignos de
grande diva.
Aproximadamente às 23h30, subiu ao palco o que para mim soou como
novidade: o trio formado por João Gomes, Mestrinho e Jotapê e o trabalho
especialmente elaborado para homenagear o garanhuense Dominguinhos. O que
pareceu novidade aos meus olhos foi a execução de um show permeado pelos
clássicos do forró e da plateia dançante do tradicional forró pé de serra. O
show Dominguinho conta com cenário especial que relembra casas do interior do
nordeste com arquitetura de décadas passadas. Os músicos se apresentam a maior
parte do tempo sentados e se revezam entre os sucessos musicais próprios e
sucessos do saudoso Dominguinhos. No repertório, ainda foi incluído Belchior e
outros sucessos de forrós nordestinos. A sensação ao final do show é a de que
talvez exista referência musical em demasia, parecendo faltar uma base sólida
capaz de tecer um elo entre tantas informações. Porém, nada disso parece ser
problema para o público que participou ativamente da apresentação.
Por volta de 1h30
da manhã, tem início o último show dos palcos dentro da arena. Don L apresentou
um show vibrante e tecnicamente bem executado, contando ainda com uma plateia
participativa que parecia satisfeita com o espetáculo musical. Por volta de 2h40,
Don L encerra a sua apresentação e temos a oportunidade de mais uma entrevista
exclusiva para o Bolsa de Discos - leia o conteúdo na íntegra no BDD.
A programação do
festival Mada é tão intensa que impossibilita conseguir acompanhar todas as
apresentações, pois os shows que ocorreram no Baile da Amada, do lado de fora
da Arena, acontecem simultaneamente aos shows de dentro. Por isso, a nossa
cobertura infelizmente não conseguiu acompanhar os shows de Afreekasia, Bateu
Pode Comemorar, D. Silvestre, Febem, Kenya20HZ e Jennify C convida Casixtranha.
A programação do Baile da Amada chama atenção pela qualidade e pela
participação também de mulheres, artistas negros e também abertura aos
trabalhos de pessoas LGBTQIA+. Certamente vale muito a pena conferir.
ESTRUTURA DO MADA
Posso facilmente
afirmar que o Festival MADA continua consolidado como um dos grandes eventos de
música do Estado. No entanto, apresento algumas observações sobre esta edição
especificamente, embora a minha relação com o MADA enquanto plateia ocorreu lá
pelos longínquos anos de 2005. A estrutura daquela época ainda acontecia na
região da Via Costeira e a experiência era pé na areia, ventania com areia e
som do mar ecoando simultaneamente às atrações que se revezavam nos dois palcos
montados, dentro da estrutura física do então Hotel Imirá. De lá pra cá, o
evento se transformou enormemente e sua instalação tem se dado na Arena das
Dunas, local que vem se firmando como a casa deste festival já há alguns anos
com sucesso, mas também com algumas fragilidades.
Organização e infraestrutura (banheiros, alimentação…)
Os banheiros químicos
estão organizados em uma quantidade aceitável. Eles estão localizados fora da
região do campo e não totalmente aceitável quanto à manutenção de limpeza.
Os preços
praticados pelas bebidas e comidas (alguns itens) nesta edição podem assustar
pelos valores; por exemplo, uma garrafa de água mineral com ou sem gás de 500ml
custa, este ano, dentro da arena, R$ 7,00; a cerveja com menor preço, R$ 13,00,
e Beats, R$ 18,00. Para comer, percebemos que o valor da pizza em fatia tamanho
tradicional de R$ 20,00 tem valor semelhante ao ano passado; retiraram a
promoção de comprar uma pizza salgada e ter desconto na doce e acrescentaram
uma de tamanho retangular (um pouco maior) que custa R$ 25,00; mas a pizza com
oito fatias tamanho tradicional é R$ 108,00.
Alguns
pontos que merecem atenção e que podem gerar melhor experiência no MADA:
ÁGUA: Procurei algum ponto de acesso à água potável de maneira
gratuita para o público geral. A assessoria do evento informa que este serviço
não se encontra disponível. Deixo aqui a minha observação sobre a importância
da existência de algum ponto de acesso à água em eventos.
DESCANSO: Na edição do ano passado, percebi mais pontos de apoio com
assentos para o público do gramado. Era visível a busca por algum espaço
apropriado para sentar.
ACESSO: Não localizei o ponto de acesso para cadeirante na região do Baile
da Amada. Vale lembrar que, para acessar a área do lounge, bem como a área do
baile da Amada, é necessário subir um bom lance de escadas e que em vários
momentos fica extremamente congestionada.
ACESSO 2: Acredito que seria interessante ampliar a quantidade de acesso de escadas ao Baile da Amada, como também da área do lounge, para deixar o trânsito mais livre e fluido.
Crédito das imagens: fotos de Myrna Barreto
Publicado também no site Bolsa de Discos
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