Hamilton de Holanda no Festival MIMO 2025, em Olinda/PE
Ao
consultar a produção musical de Hamilton de Holanda disponível nas plataformas
de streaming, nos deparamos com mais de 40 álbuns em cerca de 27 anos de
carreira discográfica, o que inclui álbuns mais jazzísticos, trabalhos com
orquestra, música para bandolim solo, duetos com grandes nomes da música
(Mestrinho, Joel Nascimento, Yamandú Costa, Marco Pereira, Daniel Santiago, Rogério
Caetano, Mike Marshall, André Mehmari, Ensemble Gurrufío, Diogo Nogueira, Baile
do Almeidinha, João Bosco, Chano Dominguez, Rubem Dantas, C4 Trío e Gonzalo
Rubalcaba) e a abordagem da obra de grandes nomes da música com novas roupagens
(Pixinguinha, Jacob do Bandolim, Egberto Gismonti, Hermeto Pascoal, Milton
Nascimento, Chico Buarque e Djavan). Com uma discografia tão extensa e com
projetos tão diversos, imagino que deva ser difícil escolher um setlist para um
show...
Hamilton
de Holanda nos recebeu para uma entrevista logo antes da sua apresentação no
Festival MIMO 2025, em Olinda/PE. Ele alegou que poderia citar muitos nomes que
fomentaram sua paixão pela música, e os influenciaram musicalmente, mas cita,
com muito carinho e afeto, o seu pai e o seu irmão. Além disso, afirma que
nunca gostou de ficar fechado musicalmente em sua própria mente, e que sempre
esteve aberto à música dos outros para evoluir. A cada ano que passa, ele
conhece novos músicos e trabalhos, e produz com novos parceiros, que tanto o
influenciam.
Sobre o
conceito de “Moderno é tradição”, que é sempre trazido pelo artista como
fundamento da sua obra, Hamilton enfatizou que já foi feita muita música boa,
que temos que aprender com isso, mas que não devemos nos limitar a esse
passado; devemos conhecer o passado para buscar nossa própria voz. Já o
“moderno”, talvez logo não será mais tão moderno, e uma vez que a “tradição”
foi feita, a única coisa que importa é o presente, que é o encontro entre o
passado e o que ainda vai acontecer. O artista estudou a fundo a obra de
Armandinho, Joel Nascimento e Jacob do Bandolim, nomes ilustres do seu
instrumento, mas com o intuito de encontrar sua própria voz. Hamilton arremata
que “Moderno é tradição” significa a valorização do estado presente, aprendendo
com o passado, mas de olho no futuro.
Ao ser
questionado sobre suas produções mais marcantes, o artista apontou que se trata
de uma pergunta difícil, pois foram muitos trabalhos importantes, e cada um
teve o seu momento. Entretanto, cita novamente o começo das vivências musicais
em casa, com o pai e com o irmão, o que foi algo bem definitivo, e seus álbuns
mais marcantes: Brasília Brasil (com os violonistas Rogério Caetano e
Daniel Santiago), Brasilianos (um quinteto fenomenal, meu álbum favorito
de Hamilton), Caprichos (que contém músicas realizadas para o
desenvolvimento do bandolim de 10 cordas), Baile do Almeidinha, e o
recente trabalho com seu trio, Flying chicken, projeto este
escalado para seu show do Festival MIMO 2025. Hamilton poderia ter citado
outras parcerias importantes, visto que cada um teve influência em sua vida. De
trabalhos mais recentes, elenca a parceria com Varijashree Venugopal, cantora
indiana que mudou sua maneira de ver a música.
Por fim,
Hamilton de Holanda aconselha, aos músicos de hoje: estudar muito, saber o que
quer, e procurar fazer o que é necessário para alcançar seus objetivos. O mais
difícil é escolher o que se quer fazer; e após a escolha, devemos encarar
muitas coisas que não gostamos de fazer.
Logo após
nossa entrevista, Hamilton de Holanda estava no palco, junto a Salomão Soares
(teclados) e Thiago “Big” Rabello (bateria), em um show de tirar o fôlego,
tamanha a virtuosidade e vivacidade dos músicos, do repertório e dos arranjos.
O artista escolheu músicas de diferentes álbuns e projetos, mas que mantiveram
uma identidade sonora consistente, com a “cara” desse novo grupo. Além disso,
realizou uma homenagem belíssima a Hermeto Pascoal, falecido no dia anterior,
tocando uma de suas composições. Não faltaram também faixas do álbum do trio, Flying
Chicken (2023), como a eletrizante faixa-título. Um show para guardar na
memória e no coração, de um dos instrumentistas mais virtuosos e versáteis da
nossa música.
Observação
final: Myrna Barreto e eu realizamos uma cobertura do Festival MIMO, em
Olinda/PE, para o site Bolsa de Discos.
Álbum Flying chicken:
Clique aqui para ouvir o álbum completo no YouTube
Texto revisado por Myrna Barreto
Crédito das imagens: fotos de Myrna Barreto
Publicado também no site Bolsa de Discos


Ótima, entrevista. Sempre bom conhecer mais desses excelentes músicos. Parabéns !
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