Lô Borges - Singela Homenagem
Como seria muito ousado afirmar que Lô Borges foi o melhor compositor da música popular brasileira - dado o cânone “indiscutível” dos intocáveis a esse posto -, me atenho a apontar Lô Borges como o compositor brasileiro cuja linguagem composicional mais me toca, junto à de Beto Guedes. Não é à toa que ele é de longe o recordista de entradas na minha lista de melhores músicas brasileiras - que em breve terminarei de publicar.
Por
ocasião do falecimento do artista em 2 de novembro de 2025, e para marcar a
200ª publicação neste blog, pensei em uma singela homenagem a Lô, apontando um
destaque de cada um de seus álbuns da fase áurea, pela qual me apaixonei.
Esta compreende cinco álbuns de estúdio lançados entre 1972 e 1984, e tem como apêndice um
álbum ao vivo de 1987.
Confesso
que me debrucei pouco sobre sua fase seguinte, com seis álbuns de estúdio entre
1996 e 2011, por não ter me identificado muito - ou por esperar algo que me
remetesse à sua fase anterior. Após sua morte, me assustei ao descobrir que o
artista vinha a mil por hora: após o álbum ao vivo com Samuel Rosa de 2016, ele
simplesmente lançou um disco de originais por ano entre 2019 e 2025, e ainda
tinha diversos projetos a serem realizados. Posteriormente, pretendo me
aprofundar com calma nessas produções.
Clube
da esquina, de
1972, assinado por Milton Nascimento e Lô Borges, é geralmente considerado um
dos melhores discos brasileiros, e um marco inicial do movimento Clube da
Esquina. Em meio a 21 faixas, das quais pelo menos 12 configuram
indiscutivelmente entre as mais importantes da nossa música, escolho a
transcendental Um girassol da cor do seu cabelo, de Lô Borges e Márcio
Borges:
De
forma muito incrível, Lô Borges lançou um disco solo com 15 faixas originais no
mesmo ano de 1972, autointitulado e apelidado de “Disco do Tênis”. Trata-se de
um disco realmente
singular, que
abarca uma grande profusão de sentimentos e sonoridades, porém com excepcional unidade
e consistência. Uma música que sempre me toca é a assombrada Não se apague
esta noite, também parceria entre Lô e Márcio:
Após esse início prolífico e impactante, Lô só lançou seu segundo álbum solo sete anos depois, em 1979, intitulado A Via-Láctea. Os grandes destaques, curiosamente, não são composições do artista: Chuva na montanha, de Fernando Oly, e Vento de maio, de Telo Borges e Márcio Borges, com uma belíssima participação de Solange Borges:
Solo foi um álbum ao vivo intimista lançado em 1987, contando apenas com Lô na voz, guitarra e violão, e Marilton Borges nos teclados, além de participações especiais de Milton Nascimento e Paulo Ricardo. A sonoridade geral é bastante onírica, o que dá novas perspectivas ao repertório. O álbum ainda não foi disponibilizado oficialmente em formato digital, mas meu destaque é exatamente a primeira faixa, Trem de doido (de Lô e Márcio Borges), que pode ser conferida no início do link a seguir, que contém o álbum completo:
Assisti a Lô Borges uma única vez, em 2024, na cidade de Fortaleza, em uma noite inesquecível onde houveram shows de Lô, Flávio Venturini e Beto Guedes; em um dado momento, eles cantavam juntos. Foi a primeira vez que assisti a esses três ídolos. Que a música desse movimento musical esplêndido continue ressoando em nossos corações!
Texto revisado por Myrna Barreto
Crédito das imagens: Wikipédia

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